PERFIL

Márcia Barbosa

Revisão bibliográfica por Mulheres Geniais

Marcia em frente ao seu computador, mostrando seus estudos.
"A ciência precisa de mulheres porque a ciência precisa de que um dado problema seja olhado por todos os ângulos."
Marcia no palco do evento TedEx
"Exijo respeito pelo meu trabalho, mesmo usando minissaia."
Marcia ocupando uma cadeira no senado brasileiro, 2023.
"Vejo o diálogo muito mais potencializado quando temos mulheres no poder."
Marcia jovem, com quatro amigas, olhando livros de física e escrevendo em um quadro negro.
"As mulheres trazem para o universo científico um outro olhar. Diversidade é fundamental para a descoberta científica."
Marcia jovem em frente a um quadro, com diversas folhas de papel coladas, apresentando suas pesquisas científicas.
"A minha maior satisfação é ver quando meus estudantes de doutorado formados. Olho cheia de esperanças o futuro deste país brilhar."
Marcia na Marcha pela Ciência com a Sociedade Brasileira de Genética.
"As mulheres trazem para a ciência uma atitude mais cooperativa, multitarefa e de harmonia."
Marcial na entrega do Prêmio Women and Science, em Paris, 2013.
"O medo faz parte da carreira científica, mas ele não pode te impedir de continuar."
Marcia em sala de aula, lecionando.
"Meu grupo de pesquisa encontrou uma anomalia na difusão da água: ela anda mais rápido quando mais densa."
Márcia criança em uma exposição, junto a um carro de fórmula 1
"O estímulo de meus pais e o apoio dos professores foram fundamentais para eu seguir a carreira científica."


Origens

Uma garotinha que sempre atraiu olhares devido a sua ousadia e curiosidade! Desde nova, Marcia Cristina Fernandes Barbosa era envolvida nos assuntos da escola de forma ativa. Um dia, o diretor a convidou a auxiliar os professores na organização e montagem dos equipamentos que haviam chegado para os laboratórios da escola; ela passou então a organizar os kits de experimentos que seriam utilizados pelos estudantes nas aulas do outro dia.

“Eu tinha 14 anos e o diretor me convidou pra ajudar na montagem do laboratório da escola durante as noites. Numa determinada noite, um dos professores me solicitou que montasse um forno elétrico. Eu liguei na tomada e, nesse instante, caiu a luz da escola. Eu tinha mais meia hora pra arrumar esse problema, mas ao invés de sair correndo atrás do professor, eu resolvi eu mesma verificar onde tinha sido meu erro. O cientista não pode parar, ou seja, se eu tivesse largado tudo eu não seria cientista.”
Foi da vivência em laboratório que nasceu a sua certeza em seguir a carreira de pesquisadora. Determinada e apaixonada por descobertas, mirou e faturou uma vaga em física na UFRGS. Já no primeiro dia de aula do tão sonhado curso de física, ela sentiu o peso de sua escolha: dos 80 alunos da sala, apenas 4 eram mulheres.


Carreira

Possui graduação (1981), mestrado (1984) e doutorado (1988) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando, hoje, como professora titular desta mesma univesidade. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências (TWAS). Tem experiência na área de Física, com ênfase em Física da Matéria Condensada, atuando principalmente em água e no uso de suas anomalias para processos físicos e biológicos. Pelo estudo das anomalias da água ganhou o prêmio Loreal-Unesco de Mulheres nas Ciências Físicas e o prêmio Claudia em Ciência, ambos em 2013. Em paralelo, atua em questões de gênero, ganhando a Medalha Nicholson da American Physical Society, em 2009. Por sua atuação pela pós-graduação ganhou o Prêmio Anísio Teixeira da Capes em 2016 e por seu trabalho em prol da ciência recebeu em 2018 da presidência da república a Medalha do Mérito Científico como Comendadora e, em 2021, a Medalha Sílvio Torres da Fapergs. Dia 9 de fevereiro de 2023, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou Marcia Barbosa como nova secretária de Políticas e Programas Estratégicos.

“Hoje eu busco uma forma de transformar água de mar em água potável usando nanotecnologia. Esse projeto pode ajudar a resolver o problema da água no mundo.”


Gênero e Ciência

Ao longo de sua carreira acadêmica, percebeu que a Física é uma das áreas da ciência na qual a presença feminina é mais sub-representada. Defendendo que essa é uma grande questão a ser investigada, ela se dedicou a levantar as evidências que comprovam o cenário de exclusão das mulheres na ciência. Tem forte atuação em eventos destinados à discussão de gênero na academia, nacional e internacionalmente. Em 2002 representou o Brasil na 1ª Conferência Internacional de Mulheres na Física.

"Na medida em que avançam na carreira, da graduação ao doutorado, em todas as áreas acadêmicas, ocorre o fenômeno do sumiço das mulheres, conhecido como efeito tesoura. Esse é um fenômeno que ocorre no mundo inteiro. Mas, para mim, o escândalo é termos somente 25% de mulheres doutoras quando, na verdade, em uma sala de aula da graduação em Ciências Biológicas, por exemplo, temos mais de 60% de mulheres."
Ao pesquisar sobre o cenário brasileiro, analisando os dados da Academia Brasileira de Ciências, descobriu que o percentual de mulheres na ABC é de apenas 14%. Mesmo assim, “a Academia Brasileira de Ciências é uma das entidades que mais têm mulheres em comparação com as outras instituições semelhantes no mundo”, declarou.